segunda-feira, 2 de novembro de 2009



Lágrimas da própria compaixão.

Estou sentado na calçada vendo a vida em movimento, lembro-me das suas fases e dos sentimentos; vejo-me jovem, apressado indo ao trabalho, confiante na felicidade que não se tornou realidade; crianças que passam brincando e gritando levam-me ao tempo de garoto sonhador; vejo na rua um casal caminhando juntinho com as suas certezas e dúvidas, suas descobertas e seus segredos, seus sonhos e medos; é inevitável não lembrar das paixões de juventude, do sonho perdido e do amor “proibido”; aqui estou só e se foi por opção ou não, encarei uma vida de solidão. Estou com 75 anos e o arrependimento me incomoda por aquilo que não fiz diante do que quis, pelo pouco sorriso distribuído e por não ter me conservado um ser querido. Sinto brotar da alma as lágrimas da própria compaixão, quanta mistura de vibração sentida no coração; recebo um abraço carinhoso de um vulto bondoso e olhando o desenrolar da vida por lentes cansadas sei que a solidão eu mereço e chorando agradeço: obrigado meu Deus por tudo e por todas as oportunidades de recomeço.

Julio Amandia

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